CADERNO DO ALUNO - 9° ano - 3° bimestre - PORTUGUÊS (SÃO PAULO FAZ ESCOLA)
ATIVIDADE 1 – CONSIDERAÇÕES REFERENTES AO TEXTO LITERÁRIO.
1. Antes da leitura de “Um Apólogo”, texto escrito por Machado de Assis, procure o significado para os quatro verbetes do quadro a seguir:
Quadro de definições
a) Apólogo - Narrativa que apresenta animais e objetos inanimados com características humanas e que contém uma lição de moral no fim
b) Foco narrativo - Ponto de vista a partir do qual uma narrativa é contada
c) Personificação - Figura de linguagem que apresenta uma atribuição de características humanas a animais ou a seres inanimados
d) Ironia - Figura de linguagem que consiste em dizer o oposto daquilo que realmente sente ou pensa com a intenção de criticar um comportamento. Também pode ser um contraste ou incongruência para fazer crítica ou criar humor.
2. Durante a leitura, você deverá:
a) Sublinhar os trechos que marcam a voz do narrador.
b) Indicar A (para Agulha), L (para Linha), AL (para Alfinete), antes dos travessões, para determinar as vozes das personagens.
c) Observar o tempo verbal utilizado pelas personagens.
3. Sabendo disso, a tarefa agora é fazer a leitura do texto “Um Apólogo”, utilizando os conhecimentos elencados no item 1 e os procedimentos orientados no item 2.
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
A - Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
L - Deixe-me, senhora.
A - Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
L - Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
A - Mas você é orgulhosa.
L - Decerto que sou.
A - Mas por quê?
L - É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
A - Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
L - Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
A - Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...
L - Também os batedores vão adiante do imperador.
A - Você é imperador?
L - Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana - para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
A - Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima.
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
L - Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
AL - Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: - Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
4. Retome as anotações que você fez no texto “Um apólogo”. Observe a quantidade de personagens e o ponto de vista do narrador. [não precisa responder]
Há três personagens no texto (a agulha, a linha e o alfinete).
O ponto de vista do narrador é em terceira pessoa; é um narrador observador.
5. Agora, reveja as definições registradas no quadro do item 1 e, com fundamentação no
texto de Machado, explique o que cada definição tem a ver com a história.
Quadro de exemplos
a) Apólogo - (Por que o texto foi intitulado "Um apólogo"?) - Porque a narrativa apresenta objetos inanimados (agulha, linha e alfinete) que ganham vida e têm características humanas. Além disso, há uma lição de moral no fim.
b) Foco narrativo - (Qual é o ponto de vista do narrador de "Um apólogo"? Que trecho exemplifica essa constatação?) - Foco narrativo em terceira pessoa (o narrador conta o que observa sobre os personagens) - Ex.: "Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:"
c) Personificação - (Retire do texto alguns exemplos) - "E dizia a agulha", "A linha não respondia nada", "A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando"
d) Ironia - (Retire do texto alguns exemplos) - "Também os batedores vão adiante do imperador.", "Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura.", "Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!"
ATIVIDADE 2 – AS VOZES DA HISTÓRIA
1. O texto “Senta e escuta” foi escrito com base no conto “Um apólogo”, de Machado de Assis. A narrativa está estruturada em cenas. Faça a primeira leitura já pensando em como você e seu grupo se organizarão para apresentá-la à turma (que será seu público-alvo), utilizando somente vozes e outros sons que seu grupo considerar necessários.
2. Após o contato com a diversidade de produções existentes, verifique:
a) A temática é a mesma da observada no texto de Machado, embora os recursos sejam diversos? Argumente, defendendo seu ponto de vista.
Sim, todas as produções acima tratam do mesmo tema presente no conto de Machado, que é a discussão entre a agulha e a linha sobre quem é mais importante.
b) Qual das reproduções é a mais próxima da narrativa “Um Apólogo”, de Machado de
Assis? Por quê?
A adaptação de Pedro Bandeira, "A agulha e a linha", porque tem conteúdo e estrutura praticamente idênticos ao texto original, apresentando algumas modificações apenas na escolha de certas palavras.
As outras adaptações apresentam maiores diferenças, não só no formato (encenação, animação, leitura dramática), mas também na inserção de novos diálogos e personagens.
3. Você acabou de conhecer algumas das possíveis versões para a exploração artística da obra “Um apólogo” e fez a leitura da versão adaptada em cenas. Sua função será criar a Cena 4. Para isso, complete o quadro a seguir.
Resposta pessoal.
Sugestão:
Cena 4 – Tecendo conclusões
Adolescente 1: Moral da história?
Adolescente 2: A moral da história é que nem sempre quem mais trabalha tem o direito de desfrutar o prazer ou ter seu esforço reconhecido.
ATIVIDADE 3 – TEXTOS COMPARADOS: NÃO HÁ LIMITES
PARA A CRIATIVIDADE
Produção de vídeos e podcasts pelos alunos
ATIVIDADE 4 – AS INTERAÇÕES FICTÍCIAS
Compartilhamento do material produzido pelos alunos
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